quarta-feira, 24 de setembro de 2014

MISSIONÁRIA? EU?

Faz tempo... tinha 17 para 18 anos. Estudava em Campinas (SP) e viajava todos os fins de semana para minha cidade natal, Ouro Fino (MG) para rever a família.

Um dia, a Larissa, minha amiga de infância e colega de república (moramos juntas numa pensão de uma senhora esclerosada que colecionava baratas e cheirava mal por falta de banho e depois com outra amiga, a Shirlene, no Cambuí) me convidou para ir a Igreja Nazareno num culto de segunda-feira. Fui e gostei do que vi. Fui tocada!

Com isto resolvi ler sobre Deus e ela me arrumou um livro sobre a Teoria da Evolução e Darwin mas com contestações bíblicas. Li este livro na viagem de Campinas rumo a Ouro Fino. Em Itapira (SP) já estava convencida que Darwin não tinha todas as respostas e que Deus era Superior e me garantia vida eterna. No final do livro havia uma oração de aceitação de Jesus. E ali, quando passávamos por Itapira aceitei a Jesus como meu Senhor e Salvador!...

Pense numa pessoa aos prantos com um livro sobre Darwin nas mãos dentro de um ônibus lotado. Era eu!

Quando cheguei em Ouro Fino procurei minha amiga e com ela fomos a Igreja Presbiteriana Independente do Pastor Laércio. Nos finais de semana congregava nela e às segundas, quartas e quintas-feiras, na Nazareno da Francisco Glicério do Pastor Aguiar e do missionário Harold. Depois a Nazareno foi para a José Paulino.

Desde o início soube que tinha um chamado para missões. Não foi coincidência ter me convertido em viagem. Já era Deus trabalhando.

Só que tudo precisava ser aperfeiçoado em mim. O primeiro amor foi maravilhoso! Lá em Campinas nas inúmeras vezes em que fomos a Nazareno, como na Presbiteriana em Ouro Fino.

Aqueles cultos lotados até a rua na Francisco Glicério eram inacreditáveis. Ali tivemos um grupo de jovens que se reunia para orações às quartas-feiras. Neste grupo tinha uma colega de pensão (pois depois fui morar numa pensão no início da Francisco Glicério) que sofria de epilepsia e todas às vezes que orávamos com ela, caía endemoniada ao nosso lado. Nós ficávamos apavorados pois não sabíamos expulsar demônios e tínhamos de chamar os pastores para que eles nos socorressem.

Já em Ouro Fino tinha uma mulher da Metodista, a Yolanda, que tinha vindo para a cidade junto com a Lucimara e a Luciana. Esta mulher era uma bênção e junto com Larissa, Barbado, eu e minha irmã, fomos buscar o batismo do Espírito Santo, no sitio da Larissa.

Nos programamos para ficar o dia inteiro lá de joelhos, clamando, até que descesse dos céus o Espírito Santo sobre nós. E ficamos buscando, orando, buscando até que tive uma experiência marcante. Vi meus lábios soltos, minha boca mexer sozinha e com medo não colocava a voz. Lembro da Yolanda dizendo: Luciana não tenha medo e de ter repreendido Satanás para que levasse com ele a resistência e o medo. Naquela hora coloquei a voz e ouvi Deus falar através dos meus lábios. Recebia o dom de línguas. Fiquei abobalhada

Minha irmã começou  a ter visões. Larissa e Barbado a orar em línguas, junto com a outra Luciana e a Lucimar. Alí todos foram batizados com o fogo do Senhor. Após este dia pregávamos o tempo todo o amor de Deus para todos que encontrávamos. Queria estar o tempo todo com o povo de Deus em orações, em louvores, aprendendo a Palavra de Deus.
Em Ouro Fino a Igreja Presbiteriana promoveu algo arrebatador de almas. Com os novos convertidos que se chegaram a igreja, entre eles Daniel e Douglas (hoje Pr Douglas e foi ele quem levou a Larissa para a igreja e, consequentemente, eu também) Pr Laércio promoveu uma campanha para levar o maior número de pessoas possíveis para assistir o filme "A Cruz e o Punhal" no antigo Cinema da cidade. E foi uma avalanche! Distribuímos panfletos de porta em porta, fizemos de tudo para divulgar que o filme seria de graça e teriam várias sessões.

No dia o cinema lotou em todas as sessões. Filas enormes. Muita gente. E depois de cada filme muitos convertidos e testemunhos. Foi lindo o mover de Deus.

Dos 17 aos 21 anos vi em várias ocasiões um Deus amoroso, fiel, misericordioso. Aos 20 resolvi aceitar o chamado dEle. Fui batizada às 24h na piscina no acampamento da Nazareno em Serra Negra (SP) num encontro de carnaval quando tive certeza que deveria ir para a obra.

Ao sair do acampamento me matriculei no seminário da igreja em Barão Geraldo. E um belo dia, quis conhecer uma igrejinha num bairro de Campinas mas ninguém dos irmãos quis ir comigo. Me vi só, mas quis ir mesmo assim. Esperei o domingo de ônibus de graça (o prefeito Jacob Bittar dava um domingo por mês de ônibus gratuito) e às 17 h desci do meu apê (mudava mais que cigana. Nesta época já morava sozinha em um apartamento no 11º andar do Ed Guaratuba na Francisco Glicério) e peguei o ônibus lotado.

Não tinha lugar para sentar no ônibus, mas um homem cavalheiro se levantou e fez questão de me dar o lugar dele, que ficava antes da catraca. Depois de um tempo ele veio a sentar-se ao meu lado, quando o perguntei se conhecia a tal igreja e sabia em qual ponto eu deveria descer. Ele não soube, mas fez questão de perguntar ao motorista, que explicou ser fácil de encontrar a igreja porque tinha um ponto bem na frente e que me avisaria onde descer.

Só que a louca fez a pergunta àquele homem desconhecido: _Quer ir comigo? E para minha surpresa ele quis. Ai eu fiquei assustada. Em minha mente passava: Você é louca? Vai a um bairro que nunca foi, a uma igreja, à noite, com um homem estranho? Pirou? Mas a pergunta já havia sido aceita e aquele homem com macacão de uma empresa tinha aceitado ir comigo. Só restava pedir proteção a Deus. E foi o que fiz.

Ao chegarmos ao culto, assisti e achei que a Palavra não havia sido tão forte quanto meus irmãos diziam que era sempre ali. Não para mim. Mas para aquele homem a Palavra foi certeira, pois no apelo ele se dirigiu ao altar e ali entregou sua vida a Cristo.

Quando voltou ele me disse assim:_ Tinha de vir a igreja com uma mulher chamada Luciana. E engraçado, mas você se parece com uma menina que tinha este nome e que me fez o convite há uns três anos. Ai conversamos mais sobre isto e descobrimos que era eu mesma. Há três anos eu tinha pregado para ele na praça Barão quando ele brigava com outro homem por causa de uma garota e se enfrentavam de posse de uma faca. Eles moravam numa pensão e eu e nosso grupo de oração das quartas-feiras estávamos comendo lanche e tomando suco quando vimos o fato e saímos correndo para impedir algo trágico.

Naquela ocasião eu preguei para aquele homem e pedi que ele fosse comigo a Nazareno. Mas ele não quis. Depois de três anos nos reencontramos e aí eu o levei para a igreja. Quem poderia entender a Deus? A missão era minha. Toda minha. Ele tinha me dado e eu teria de cumpri-la. Entendi também que o tempo de Deus era diferente do meu tempo.

Já era umas 22h quando cheguei em casa e chorava como criança. Orei, orei, adorei, louvei a Deus. E quando na janela do meu quarto no 11º andar olhei para o céu, vi um avião passando. Naquele momento fui transportada para dentro daquele avião e da janela dele me vi na janela do meu apartamento. Ai Deus falou ao meu coração: 'Da mesma forma como anunciou o meu evangelho nesta noite eu a levarei para outros povos para falar de mim".

Dois meses depois (em junho e julho de 1991) fui para Portugal com o grupo de seminaristas da Nazareno onde passamos aquele período em missões com cabo verdianos, portugueses, americanos e brasileiros. Na viagem Deus movia em meu peito e me lembrava daquela noite quando me vi dentro de um avião sobrevoando Campinas.

É isto ai... por hoje é só. Talvez escreva mais, talvez! Porém agora preciso dormir. Beijos a todos! E que Deus também toque o seu coração!!!

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